terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Crime choca Portugal: Modelo castra famoso colunista gay

O escritor e o modelo

Renato Seabra, o modelo português de 21 anos que se encontrava em Nova Iorque com o escritor também português Carlos Castro, foi ontem acusado de homicídio em segundo grau, segundo um porta-voz da polícia nova-iorquina, e enfrenta agora uma pena que pode ir dos 25 anos de prisão a prisão perpétua.

A lei americana prevê dois tipos de homicídio, conforme a sua natureza: em primeiro grau, o mais grave, quando existe premeditação ou outras circunstâncias agravantes (como intenção e prática de tortura); e em segundo grau, quando não existe premeditação e, entre outras circunstâncias, o autor agiu sob a influência de uma perturbação emocional extrema.

Os tablóides nova-iorquinos New York Post e New York Daily News avançaram ontem de manhã, citando fontes policiais, que Renato Seabra terá confessado a autoria do homicídio de Carlos Castro, 65 anos, mas oficialmente a polícia nova-iorquina não confirma. Os dois jornais adiantaram detalhes sádicos sobre o crime, relatando que Seabra confessou ter castrado o colunista social com um saca-rolhas, e que a agressão e mutilação foram prolongadas - duraram "mais de uma hora", segundo o New York Post. Ainda de acordo com este jornal, antes de atacar Carlos Castro, Renato Seabra terá declarado: "Já não sou homossexual!".

O colunista foi encontrado morto sexta-feira à noite no quarto de um hotel luxuoso de Times Square que ambos partilhavam, e a natureza da sua relação com Renato Seabra não é clara. Apesar de Renato ter sido inicialmente identificado como o companheiro de Castro, a sua mãe, Odília Pereirinha, já negou que ele seja homossexual ou fosse namorado do colunista.

Missa em Lisboa

Cláudio Montez, amigo e confidente de Carlos Castro, com quem estava "todos os dias", disse ontem ao PÚBLICO que Castro e Seabra mantinham uma relação amorosa desde o evento de moda Portugal Fashion, em Outubro. "O Renato imediatamente vem passar o fim-de-semana a casa dele [Carlos Castro], liga-lhe todos os dias, a perguntar se ele tem a tensão alta, se já tomou os medicamentos, a dizer-lhe para tomar o chá..." Montez diz que a polícia tem uma forma "simples" de confirmar que o par tinha uma relação: basta verificar "as mensagens que o Renato mandou pelo telemóvel para o Carlos".

Astrólogo e parapsicólogo, Cláudio Montez viaja esta manhã para Nova Iorque, acompanhando duas das quatro irmãs de Carlos Castro, Fernanda e Amélia, para tratar da cremação do corpo e da cerimónia fúnebre, que deverá ser realizada na cidade norte-americana, como era desejo do colunista. Depois de regressarem a Lisboa, será organizada uma missa/cerimónia em honra do cronista social.

Reagindo às declarações da mãe de Renato Seabra, Montez diz: "A família via o filho que conhecia, não via o filho que tinha. Todos temos algo escondido dentro de nós. É como os vulcões que podem estar 200 anos sem explodir".

Renato Seabra continua sob custódia policial no hospital público Bellevue, na zona leste de Manhattan. José Malta, cunhado de Renato Seabra, disse ontem ao PÚBLICO que Odília Pereirinha deveria encontrar-se com o filho, juntamente com o advogado, durante a tarde de ontem (noite em Lisboa), embora ainda subsistissem dúvidas sobre se o jovem modelo pode receber visitas antes de comparecer perante um juiz. Paula Fernandes, advogada da família de Renato Seabra em Portugal, acrescentou que não prestava declarações sobre o caso antes de o jovem modelo ser ouvido pelo seu advogado nos Estados Unidos.

De manhã, Odília Pereirinha deslocou-se ao consulado de Portugal em Nova Iorque, na 5.ª Avenida, mas tal como à chegada ao aeroporto, na véspera, não prestou declarações e o acesso dos jornalistas à mãe de Renato Seabra foi barrado, de novo, por um homem e uma mulher que se identificaram como amigos. O chanceler do consulado, António Pinheiro, recusou pronunciar-se sobre o encontro.

Nos próximos dias, Renato Seabra deverá ser apresentado a um juiz, que determinará as circunstâncias em que o arguido irá aguardar julgamento. Dada a gravidade do crime e o facto de Seabra ser estrangeiro, especialistas legais ouvidos pela agência Lusa consideram pouco provável que o tribunal o liberte sob fiança, que pode atingir quantias próximo de um milhão de dólares (772 mil euros).A seguir, a acusação terá de ser confirmada por um grande júri - um órgão composto por 23 cidadãos que irão determinar se existem ou não provas suficientes para levar o réu a julgamento -, que tem 45 dias para deliberar. A última etapa é o julgamento. Anteontem, a advogada de justiça criminal Lisa Pelosi explicou ao PÚBLICO que, quando existe uma confissão e provas suficientes para incriminarem o arguido, o processo pode demorar apenas duas semanas.

Fonte: Público 20

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails

Online!